Desenvolvimento lexical e Semântico:
O desenvolvimento da criança dá-se pelo contacto do meio comunicacional
envolvente, mas não nos podemos esquecer da herança genética que a criança
possui.
O desenvolvimento da criança é analisado por etapas / períodos críticos que
evoluem ao longo da infância, é uma aquisição complexa, não é estanque,
simplesmente serve de referência. Esta análise é feita em diferentes domínios:
fonológico, semântico, sintático e o pragmático. Em todos os domínios é
importante ter em conta as duas vertentes do processo: a receção e compreensão
das mensagens e a produção de enunciados linguísticos.
Sim-Sim, Inês; Silva, Ana Cristina; Nunes, Clarisse; Linguagem
e Comunicação no Jardim-de-infância, textos de apoio para educadores de
infância, 2008 (P.18)“A grande diferença entre o léxico ativo (o que se produz)
e o léxico passivo (o que se compreende) manter-se-á por toda a vida.” O
nosso conhecimento das palavras é muito maior do que o uso destas no nosso
quotidiano. A relação entre a receção e compreensão das mensagens e a
produção das mesmas tem como regra essencial: “ A compreensão procede sempre
produção” Sim-Sim, Inês; Silva, Ana Cristina; Nunes, Clarisse; Linguagem e
Comunicação no Jardim-de-infância, textos de apoio para educadores de infância,
2008 (P. 24)
Uma criança quando nasce, ainda
não tem capacidade para falar, até conseguir chegar à fala a criança terá de
passar por alguns períodos que serão marcados por determinadas aquisições.
Ao nascer, a criança entra no período pré-linguístico, este período
corresponde ao seu primeiro ano de vida. Durante este período a criança irá
apresentar produções vocálicas, durante a perceção e participação em comunicações
com o meio que a rodeia.
O período pré-linguístico é marcado por
várias fases, através da perceção visual o bebé pode habituar-se a um estímulo,
visual ou auditivo, e prestar atenção a ele pressupõe que memorizou algumas
particularidades do estímulo e que, em resultado, ela vai esperar que certas
coisas aconteçam de certa maneira. Este prodígio pode ser considerado uma
manifestação de que a criança já domina um pré-requisito da linguagem.
A perceção auditiva e a perceção da fala
também são muito importantes nos primeiros meses de vida do bebé. Os bebés,
através do aparelho auditivo – o ouvido, nas primeiras semanas de vida (3
semanas) localizam a fonte sonora. Após o término das 3 semanas, a criança
“esquece” o som (“esquece” o foco da fonte sonora) e vai focar-se em
determinados sinais pelas suas próprias experiências e começa a diferenciar as
nuances da voz humana.
Desde que o bebé nasce, que existe entre
ele e a mãe, a troca de afetividade das mais variadas formas. A mãe age com o
bebé, como se ele falasse com ela, respondendo aos olhares e aos seus gestos,
existe neste sentido um jogo onde “um de cada vez fala”. Chama-se a isto de protoconversações –
representam a primeira etapa de construção de um esquema, onde a necessidade
das crianças se torna satisfeita. O bebé vai tendo assim, a perceção de que os
seus desejos são realizados, construindo assim na sua mente a noção de que no
mundo interior do outro, existem desejos e intenções. Esta perceção é muito
importante para o desenvolvimento da aquisição da linguagem, pois vai permitir
ao bebé a perceção de que existe mais coisas para além das palavras e frases.
Segundo Bruner, existem quatro tipos de esquemas:
-
Atenção conjunta: “é definida como a
intenção de um dos parceiros da díade (grupo de dois) de atrair a atenção
do outro para um objeto, atividade ou estado. Esta fase supõe que seja
introduzida nas protoconversações, por volta dos 4 meses”.
-
Ação conjunta ou interacção com o objeto: “atividade
conjunta da mãe e do seu filho sobre, e com, um objeto exterior aos dois
parceiros”.
-
Interações sociais: “ (esconde - esconde),
rituais dos quais a criança participa desde cedo”.
-
Pretend episodes: “ (faz-de-conta, fingir, jogos
de ficção), nos quais um objeto ou uma ação são utilizados de maneira
não-convencional.
A partir dos 4 meses o bebé já vai ter
tendência para aceitar um terceiro objeto, capaz de agarra-lo e de interagir
com ele, enquanto interage com a mãe. Nesta fase o bebé vai deixar de mirar a
mãe para se concentrar em outros propósitos. No entanto, a partir dos 8 meses o
bebé já não quererá somente outros objetos, ou seja, já irá olhar novamente
para a mãe alternadamente com os objectos. Esta mudança é muito importante,
nomeadamente porque a mãe “interpreta o gesto de agarrar como marca de
interesse por parte da criança e lhe propõe essa interpretação”.
A partir dos 8 meses, depois do bebé ter
estabelecido alguns conhecimentos do que o rodeia, como as pessoas, objetos e
do mundo, o bebé vai organizar significados em sistemas. O bebé na medida em
que vai criando laços com as interacções que mantem com os adultos, irá criar
para ele o próprio modelos de linguagem.
1. Instrumental:
“refere-se às condutas empregadas pela criança para expressar ao adulto o seu
pedido”. A partir das traduções produzidas pela mãe sobre as “intenções de
posse” do bebé a criança irá criar outro modelo.
2. Regulador: tenta
regular o comportamento do adulto para obter aquilo que pretende.
3. Interativo:
comunicação um com o outro “e a partir do qual diferencia-se o modelo pessoal;
a protolinguagem revela-se, nesta etapa, como a expressão primária da
individualidade”.
4. Modelo
heurístico: “serve para conhecer e explorar, de forma partilhada e social a
realidade externa (…) permitindo ao bebé diferenciar o modelo imaginário, de
modo a que comece a separar cenários da realidade.
O período pré-linguístico está dividido em duas
partes fundamentais de desenvolvimento da linguagem na criança.
· Pré-lalação: a pré-lalação está
compreendida entre o primeiro e o sexto mês de vida da criança. Este período
diz respeito aos sons que o bebé produz, sons como o chorar, visto ser uma
forma de expressar/comunicar ao adulto que se passa alguma coisa (fome, dor,
desconforto, sono, susto).
A partir dos dois meses, o bebé, para além de produzir
o choro, começa a produzir outros sons, como o rir e o palreio. Para além do
bebé olhar e movimentar-se, o riso e o palreio são outras formas de interacção
que o bebé tem para com o adulto que a rodeia.
No campo lexical o palreio corresponde, segundo Barbeiro, L. (2000)
“à produção de sequências sonoras similares ao arrulhar dos pombos, com sons
próximos do [o], entre os sons vocálicos, e de [k] ou [g], entre consoantes.”.
· Lalação: a lalação irá
corresponder aos restantes meses, até a criança atingir um ano de idade, ou
seja, a lalação está compreendida entre o sexto e o décimo segundo mês de idade
do bebé.
A lalação abrange, segundo Barbeiro, L. (2000) “uma sequência
de sons caracterizada pela repetição ou reduplicação silábica: mamama / tatata
/ dadada”. É comum observarmos um bebé, quando está na cadeirinha de comer, no
berço ou no parque de brincar a produzir variadas vezes estes sons.
Antes de a criança passar à próxima fase, ela pode no final da
lalação “evoluir de um padrão constituído pela reduplicação silábica para a
produção de silabas não reduplicadas”, segundo Barbeiro, L. (2000).
O Período Linguístico surge a partir do primeiro ano de idade, o
bebé começa a emitir sequências de duas silabas, normalmente idênticas, na qual
os adultos identificam como sendo palavras. Esta etapa é descrita por Nelson
(1985) como sendo a do pré-léxico, pois apesar de serem palavras, essas
palavras não têm significado. Mais tarde, já será normal o bebé utilizar essas
palavras em contextos diferentes.
Esta fase também pode ser dividida em quatro fases
principais:
· Período das primeiras
palavras (por volta de um ano): dependendo das crianças, estas podem
palavrear as primeiras palavras cerca de um a quatro meses
antes ou depois de um ano. As palavras aparecem singularmente, ou seja, a
criança não pronuncia palavras conciliadas entre si.As palavras marcam ações especificas do "aqui e agora" Esta fase tem como nome – período da fala
holofrásica.
· Período dos enunciados
de duas palavras (por volta de um ano e meio): nesta fase do
desenvolvimento da produção de duas palavras, a criança articula duas palavras,
é possível que dependendo das crianças, haja uma variação entre dois meses
antes ou depois.
Aqui já é verificável que a criança possui um abrangente desenvolvimento do
número de palavras que produz.
· Período das frases
simples (por volta dos dois anos): nesta idade, e após a passagem das
fases discriminadas anteriormente, a criança já é possuidora de combinações de
palavras, o desenvolvimento das fases ditas anteriormente irá levar ao
surgimento das frases simples.
· Período das frases
complexas (a partir dos três anos): esta fase surge a partir dos três
anos de idade e é uma fase que se irá alargar durante um vasto período de
tempo.
Segundo Dina Rodrigues Macias (2000), o
essencial da linguagem estabelece-se por volta dos quatro ou cinco anos de
idade. A linguagem deve de ser ensinada à criança de uma forma direta (…) e principalmente
através dos pais. Pois estes são os facilitadores do desenvolvimento e
aprendizagem da linguagem na criança e as conversas que os pais têm com a
criança são fundamentais para esse desenvolvimento.
Aquisição e desenvolvimento vocabular da
criança de 4 anos:
Nesta fase, é notório que o
desenvolvimento vocabular começa a ser melhorado. No entanto, é uma fase em
que a criança recusa-se a obedecer e onde a preocupação principal é a de
se opor à vontade do outro. A criança quer impor todas as leis, visto que o
domínio da linguagem começa a ser cada vez mais extensível.
É uma fase, que a criança tem gosto por
aprender palavras que sejam novidade, que lhe sejam diferentes. Ao falar,
também percebemos que utiliza muitas repetições, como advérbios “como” e
“depois”. Nesta idade, apesar de já falar, o vocabulário da criança de 4 anos é
ainda, imperfeito. Contudo, quando quer falar, ela não demora muito nas
descrições.
Ao descrever imagens, por exemplo, a criança
expõe a sua fala em forma “de relatório (Hotyat, 1978) sobre os gestos
exteriores das personagens, sem tentar comentar a significação ou a intenção
dos seus atos nem fazer um juízo sobre os seus comportamentos”.
Segundo o autor, é entre os 3 e os 5 anos
de idade, que começa a surgir no vocabulário palavras referentes ao tempo, como
por exemplo “ontem”, “amanhã” “depois de amanhã”.
Devido à tomada de consciência, do que a
rodeia, a criança nesta faixa etária, ganha um desenvolvimento a nível
quantitativo e qualitativo ao nível de vocabulário passivo e ativo.
Entre os 3 e os 5 anos a criança começa a
distinguir o real do imaginário, contudo, pode surgir confusão com o imaginário
em situações ligadas a uma grande carga afetiva.
Após um estudo realizado pelo professor
Roger Brown da Universidade de Harvard, sobre o desenvolvimento gramatical,
este concluiu que “as crianças variam muito quanto ao ritmo de desenvolvimento
da linguagem, de modo que a idade cronológica é um índice pobre do nível
linguístico”. Contudo, este estudo revelou, que apesar das crianças terem
vocabulário bastante diferente, que a ordem de desenvolvimento e aquisição de
certas formas gramaticais é notavelmente regular.
A criança, no que concerne à aquisição e desenvolvimento da linguagem, tem várias fases, ou seja, tem vários estádios de desenvolvimento. Roger Brown propôs cinco estádios de desenvolvimento:
Estádio I – Relações sintáticas e
desempenhos semânticos.
Estádio II – Morfemas gramaticais e
modulação de significado.
Estádio III – Modalidades da frase
simples.
Estádio IV – Colocação da palavra na frase
(encaixes).
Estádio V – “Tag-Questions”.
Apesar de se dividir a aquisição e o
desenvolvimento da linguagem em estádios, estes não são estanques e como diz o
texto, “seria impossível, rotular uma criança como pertencente a cada um desses
estádios, sem interferência dos outros”.
Desenvolvimento da Consciência Lexical
Léxico
As primeiras palavras da criança são
referentes a um universo próximo, o "aqui e Agora", os
objetos que satisfazem as necessidades e os desejos, ou pessoas e
animais próximos. As frases são formadas por duas sílabas , consoante e
vogal (CV).
Neste percurso a criança utiliza sobre
generalizações (uma característica comum a vários objetos faz com
que inclua numa categoria lexical, exemplo: todas as frutas redondas são
laranjas). Os fatores relacionais são: tamanho, forma, som, movimento, sabor e
texturas.
A criança utiliza também sub-generalizações
(reduzir diferentes referentes a uma única e particular forma,
exemplo: a maça só será verde ou vermelha, dependendo de como for a de casa)
Quando a criança passa a adquirir novas
palavras e percebe a diferença entre os objetos e as situações, o sentido
global das palavras vai-se alterando. Desta forma a criança vai ser capaz de
associar sequências sonoras, mas para isso acontecer é necessário:
- distinguir o objeto do contexto, (conceito do objeto)
- ter a noção de que um nome designa o mesmo objeto, independentemente do lugar, posição, ou distância
- verificar os atributos, independentemente dos contextos
- organização mental dos objetos no espaço, e as suas características
A criança está em
continua restruturação lexical, o vocabulário vai aumentando. Sendo o
grande surto de crescimento lexical começa pelos 18 meses, sendo progressivo e
contínuo entre os 2 e os 5 anos.
Ø Capital
lexical e consciência lexical: fator de (in) sucesso escolar
Pode-se afirmar que
as palavras são magnificas ferramentas, onde nas quais, nos permitem adquirir
brilhantes conhecimentos, por outro lado as palavras, são a ocorrência da
manifestação de ideias e conceitos. Desta forma torna-se essencial que subsista
uma analogia, quer entre o sucesso escolar, bem como a capital lexical. Por outro
lado, é relevante que ao nível da fala, se tenha em atenção que esta deverá ser
algo enriquecedor, isto é, é fundamental que a capital lexical seja bastante
rica, porque quanto mais engrandecida for, mais fácil se torna o processo de
leitura, onde por sua vez ocorre uma maior compreensão ao nível da escrita.
Ao nível educativo, é
relevante “…transformar o enriquecimento
do capital lexical das crianças e o desenvolvimento da sua consciência lexical…”
(Duarte, 2011, p.11). Sabe-se e tem-se noção que alcançar este objetivo é um
trabalho árduo, mas existem ferramentas, técnicas e métodos que permitem facilitar
a aquisição de novas aprendizagens aos alunos.
Ø Impedimentos
abrangentes na aquisição e conhecimento das palavras
As palavras são algo
bastante complexo ao nível das aprendizagens. No que toca ao ensino, mas
sobretudo ao nível das aprendizagens fonéticas, torna-se essencial que as
crianças compreendam e percebam “… a sua
forma gráfica… a classe a que pertence… a subclasse de nomes a que pertence,…
género… e o seu significado…” (Duarte, 2011,p. 13). Quando as crianças
ingressam no 1.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico, elas não são conhecedoras
de todas estas vertentes. Com a entrada para a escola primária, é que elas irão
adquirir novos e maiores conhecimentos fonéticos, onde em contexto sala de
aula, nomeadamente na Língua Portuguesa, que estão defronte ou diante discursos
verbais e textos escritos.
Por outro lado, ter
noção do que é um vocábulo, não passa apenas pela ideia do que realmente a palavra
quer dizer na sua íntegra, este conhecimento abrange sobretudo a classe de palavras
a que pertence, mas também ter conhecimento das circunstâncias em que essa
palavra fixa em contexto sintático.
Passa também pelos
conhecimentos das suas características flexionais, pela compreensão de que as
classes de palavras que se podem reunir a fim de criar unidades linguísticas
mais vastas, por sua vez este conhecimento leva ao entendimento de que os
papéis semânticos podem ser repartidos pela representação escrita linguística
mais ampla; as suas características sintático-semânticas têm de dispor de “representações”
linguísticas a que imputam papéis semânticos.
Ø Objeções
(dificuldades) ligadas ao enriquecimento do capital lexical e incremento da
consciência lexical
É essencial que
ocorra um plano, que permita autentificar o enriquecimento do capital lexical e
desenvolvimento da consciência lexical de cada criança. Mas este programa
encara por sua vez com diversas dissemelhanças entre elas estão: a diferença entre oral e escrita; a dimensão
da tarefa; as fontes e os recursos e a frequência das palavras dos prefixos e
sufixos.
Na diferença
entre oral e escrita, somos seres conscientes de que o vocabulário lexical
utilizado pelos adultos enquanto dialogam, não é deveras rico, tal como os
discursos textuais que encontramos num livro de contos infantis. Quando as
crianças entram para o 1.º Ciclo do Ensino Básico, é usual que estas não tenham
um capital lexical rico, e que no seu discurso oral, não faça parte vocábulos muito
complexos. Por isso a tarefa de decifração é bastante árdua no decorrer dos
primeiros anos do ensino educativo, isto porque a palavra que é descodificada não
é igual ao “código” que está presente no seu dicionário mental.
Já a
dimensão da tarefa, é uma outra dificuldade com que nos deparamos. As crianças
e como já foi referido anteriormente, quando entram para a escola primária, não
têm, nem apresentam um discurso léxico rico, mas com a aquisição de
conhecimentos e aprendizagens, bem como com o avanço dos anos escolares em que
ingressam, elas tendem a enriquecer cada vez mais o conhecimento alusivo às
palavras. Por outro lado este avanço escolar, leva à precisão da leitura e à
compreensão da escrita onde as crianças e jovens encaram exigências que lhe
permitem enriquecer radicalmente o seu capital lexical, que vai mais além das “meras”
palavras já adquiridas.
Por
sua vez, uma outra dificuldade patente, são as fontes e recursos, que
estão disponíveis, quer para professores, bem como para alunos, pois quando as
crianças já estão familiarizadas com a leitura, “… o dicionário enciclopédico, a estrutura interna das palavras e o
contexto são fontes importantes de conhecimento sobre palavras novas…”
(Duarte, 2011,p.20), mas em contrapartida estes critérios não são aplicáveis a
crianças em princípio escolar. Torna-se importante, que os professores criem
hábitos de pesquisa, relativamente ao dicionário, onde irão assim ensinar as
crianças a servirem-se do mesmo, bem como modos de exercitação. Mas opostamente,
estes métodos de ensino, não são de todo eficazes, isto em crianças pequenas,
porque para estas custa bem mais escolherem qual o significado que melhor se
adequa.
Por último, a frequência
das palavras, dos prefixos e sufixos, os professores deparam-se muita vez
com a dificuldade em ter acesso a recursos neste campo.
Ø Componentes
indispensáveis do ensino orientado para, o enriquecimento do capital lexical e incremento
da consciência lexical
É essencial que as
crianças sejam estimuladas a hábitos de leitura, pois este costume, vai
contribuir fortemente para o aumento do seu capital lexical. Por outro lado, e
embora não tenham estado anteriormente perante o ensino, (isto antes de
entrarem para a escola primária), claro das palavras, as crianças expostas a
estes hábitos, adquirem uma capital lexical mais enriquecedora. Compete por sua
vez ao professor oferecer em contexto sala de aula estímulos ao nível da
leitura, que lhes permitam enriquecer o capital lexical das crianças.
Desta forma,
interessa assim que o professor ofereça às suas crianças inúmeros textos fáceis
de serem oralizados e por sua vez que estes sejam de simples compreensão. Também
é importante que as crianças em fase de principiantes de aprendizagens de
leitura, estejam perante textos orais que “realcem” a complexidade sintática,
bem como a abundância vocabular. O professor pode e deve proporcionar às suas
crianças, atividades lúdicas que permitam desenvolver não só a capital lexical
de cada uma, mas também interessa que não ocorra apenas uma exposição, mas sim
um envolvimento que resulte no despertar da curiosidade sobre palavras e
consequentemente ocorra uma promoção ao nível das estratégias independentes, provenientes
da aquisição de novos vocábulos. Existem inúmeros jogos de palavras orais e
escritos, importa para isso que o professor crie uma diversidade de atividades
que permitam às crianças usufruir destas.
No ensino, a aquisição de novas palavras, é
importante, onde no entanto o debate e a produção de mapas concetuais devem
fazer parte. Aqui a criança é levada a escrever registos que lhe permitam
encontrar palavras. Por outro lado e sempre que se realizem atividades lúdicas,
ligadas à leitura ou até mesmo jogos de vocábulos, são importantes, e que porventura
ocorra uma sistematização, onde as crianças seguidamente irão fazer um registo.
Já “…O recurso progressivo a
enciclopédias infantis, dicionários e prontuários, em papel ou eletrónicos, bem
como ao corretor ortográfico, deve também ser encorajado, a partir do momento em
que as crianças já automatizaram o processo de decifração…” (Duarte, 2011,
p.26)
O CONHECIMENTO SEMÂNTICO
Tabela do número de palavras ao nível da compreensão semântica
O CONHECIMENTO SEMÂNTICO
O conhecimento semântico caracteriza-se pelo conhecimento do significado das palavras. As primeiras palavras são marcadas pela ação "aqui e agora", quando a palavra vai surgindo em diferentes contextos, mais tarde a criança passa a separar o vocabulário de contexto particular e formula um conceito ou entidade, reutilizando-os em diferentes momentos.
Quadro do desenvolvimento semântico/sintático, com etapas correspondentes a cada faixa etária
idade
|
fase
|
9 aos 15 meses
|
compreensão das frases simples, particularmente instruções
produção de palavras isoladas ( período holofrásico) |
18 meses
|
cumprimento de ordens simples
compreensão de algumas dezenas de palavras produção de discurso com 2/3 palavras por frase ( período telegráfico) |
2 a 3 anos
|
compreensão de centenas de palavras
grande expansão lexical produção de frases utilização de pronomes utilização de flexões nominais e verbais respeito pelas regras básicas de concordância |
4 a 5 anos
|
conhecimento passivo de cerca de 25 000 palavras
vocabulário ativo de 2500 palavras compreensão e produção de muitos tipos de frases simples e complexas |
até à puberdade
|
domínio das estruturas gramaticais complexas
enriquecimento lexical |
Sim-Sim, Inês; Silva, Ana Cristina; Nunes, Clarisse; Linguagem e Comunicação no Jardim-de-infância, textos de apoio para educadores de infância, 2008 (P.26) |
Sim-Sim, Inês; Silva, Ana Cristina; Nunes, Clarisse; Linguagem e Comunicação no Jardim-de-infância, textos de apoio para educadores de infância, 2008 (P.28) “A interação diária com o educador de infância é uma fonte inesgotável de estímulos para a criança.” O educador é um modelo crucial no contato da criança com a linguagem, é através da audição e da fala que a criança descobre o grande poder comunicacional. Deve-se trabalhar com a criança atividades que promovam o desenvolvimento.
Sugestões de trabalho e de aspetos importantes a ter em conta numa sala
- Momentos frequentes de conversa a “dois”, exemplo falar sobre o fim de semana
- Falar com a criança encontro esta está a brincar ou trabalhar
- Captar a atenção da criança quando falamos
- Dar tempo à criança para ela exprimir os pensamentos, ideias,…, sabendo ouvi-la
- Respeitar a tomada de vez
- Responder à criança sempre que esta solicite
- Ter um discurso claro, sem pressas, eficiente,
- Alargar o léxico da criança, recorrendo sempre que possível a questões abertas
- Brincar com a linguagem, rimas, canções, teatros, atividades em grupo
- Ler diariamente e dialogar sobre o que foi lido
- estabelecer relações com diferentes pessoas (sendo estas agentes sociais)
- falarem sobre os diferentes momento: passados, presentes e sobre o que vais acontecer ou fazer
- falarem sobre os sentimentos e atitudes
- introduzir conceitos novos
- conversarem sobre materiais e alimentos utilizados
- identificar possíveis problemas fisiológicos, neurológicos
Tabela do número de palavras ao nível da compreensão semântica
(adatado de Rondal, 1979)
Idade | Número de palavras | Crescimento |
10 Meses | 1 | |
12 M | 3 | 2 |
15 M | 19 | 16 |
19 M | 22 | 3 |
21 M | 118 | 96 |
2 anos | 272 | 154 |
2 - 6 anos | 446 | 174 |
3 anos | 896 | 450 |
3 - 6 anos | 1222 | 326 |
4 anos | 1540 | 318 |
4 - 6 anos | 1870 | 330 |
5 anos | 2072 | 202 |
5 - 6 anos | 2289 | 217 |
6 anos | 2562 | 273 |
Estratégias
de descoberta do significado
É essencial que as
crianças sejam estimuladas a hábitos de leitura, pois este costume, vai
contribuir fortemente para o aumento do seu capital lexical. Por outro lado, e
embora não tenham estado anteriormente perante o ensino, (isto antes de
entrarem para a escola primária), claro das palavras, as crianças expostas a
estes hábitos, adquirem uma capital lexical mais enriquecedora. Compete por sua
vez ao professor oferecer em contexto sala de aula estímulos ao nível da
leitura, que lhes permitam enriquecer o capital lexical das crianças.
Desta forma,
interessa assim que o professor ofereça às suas crianças inúmeros textos fáceis
de serem oralizados e por sua vez que estes sejam de simples compreensão. Também
é importante que as crianças em fase de principiantes de aprendizagens de
leitura, estejam perante textos orais que “realcem” a complexidade sintática,
bem como a abundância vocabular. O professor pode e deve proporcionar às suas
crianças, atividades lúdicas que permitam desenvolver não só a capital lexical
de cada uma, mas também interessa que não ocorra apenas uma exposição, mas sim
um envolvimento que resulte no despertar da curiosidade sobre palavras e
consequentemente ocorra uma promoção ao nível das estratégias independentes, provenientes
da aquisição de novos vocábulos. Existem inúmeros jogos de palavras orais e
escritos, importa para isso que o professor crie uma diversidade de atividades
que permitam às crianças usufruir destas.
No ensino, a aquisição de novas palavras, é
importante, onde no entanto o debate e a produção de mapas concetuais devem
fazer parte. Aqui a criança é levada a escrever registos que lhe permitam
encontrar palavras. Por outro lado e sempre que se realizem atividades lúdicas,
ligadas à leitura ou até mesmo jogos de vocábulos, são importantes, e que porventura
ocorra uma sistematização, onde as crianças seguidamente irão fazer um registo.
Já “…O recurso progressivo a
enciclopédias infantis, dicionários e prontuários, em papel ou eletrónicos, bem
como ao corretor ortográfico, deve também ser encorajado, a partir do momento em
que as crianças já automatizaram o processo de decifração…” (Duarte, 2011,
p.26)
Duarte, Inês, O Conhecimento da Língua: Desenvolver a
Consciência Lexical, 2011, p.27
Deseja-se, que com as estratégias de descoberta do
significado acima presentes, a criança consiga empregar palavras desconhecidas
que tenham sido lidas ou ouvidas de forma autónoma e inconsciente. Mas é
essencial, para que estas estratégias “…resultem, que o professor lhes forneça,
para o seu catálogo de recursos, fichas com listas de prefixos e sufixos com
significado lexical e gramatical, assim como fichas com radicais eruditos
frequentes nos textos que vão ler…” (Duarte, 2011,p.29), pois todos estes
estratagemas contribuem para o enriquecer do capital e desenvolvimento da
consciência lexical.
Ø Listagem
de atividades didáticas
O professor deve criar um ambiente de
estimulação em contexto educativo, que permita a cada criança ser a autora da
sua lista de registo de aprendizagens.
Duarte, Inês, O Conhecimento da Língua: Desenvolver a
Consciência Lexical, 2011, p.31
Pretende-se que as crianças com esta grelha
façam um registo semanal, onde insiram novas palavras que tenham aprendido.
2. Grelha
dos registos de prefixos, sufixos e radicais
Duarte, Inês, O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Lexical, 2011, p.33
Duarte, Inês, O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Lexical, 2011, p.33
3. Agente secreto
das palavas
4. Liberdade de escolha:
O professor nesta atividade, escreve no quadro diversas palavras (consoante o nível de escolaridade da sua turma), seguidamente e em pequenos grupos, as crianças irão procurar no dicionário o significado de cada palavra e depois farão frases com o sinónimo encontrado. Ganha o grupo que conseguir fazer a pesquisa e a construção frásica no menor tempo possível.
5. Construção de frases com palavras:
As crianças estão
dispostas por grupos, o professor dá a cada grupo, uma listagem de palavras
(consoante o nível de escolaridade), aqui poderá optar ou não por dar listagem
com palavras diferentes a todos os grupos. Depois em grupo as crianças deverão
construir frases em que utilizem 3 palavras da listagem dada pelo professor.
Bibliografia:- Agudo, G. (2005). Dimensões percetivas , sociais, funcionais e comunicativas do desenvolvimento da linguagem. In C. Chevrie-Muller & J. Narbona, A linguagem da criança. Porto Alegre: Artmed. (pp. 71-85);
- Barbeiro, L. (2000). Com a
linguagem: do lado dos sons. Leiria: Legenda. (pp. 116 a 124);
- Duarte, I (2011) O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Lexical. Lisboa: Ministério da Educação Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
- Duarte, I (2011) O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Lexical. Lisboa: Ministério da Educação Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
- Macias, D. R (2000). A aquisição e o desenvolvimento do vocabulário na
criança de 4 anos. Instituto Politecnico de Bragança. (pp. 13 a 58);
- Sim-Sim, Inês; Silva, Ana Cristina; Nunes, Clarisse; Linguagem e Comunicação no Jardim-de-infância, textos de apoio para educadores de infância, Lisboa, Direção - Geral de Inovação e Desenvolvimento curricular, Ministério da Educação, 2008 ISBN 978-972-742-288-3
- Lima, R. (2000). Linguagem Infantil: Da Normalidade à Patologia. Braga: Edições APPACOM (pp. 71-102)
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